Esse ponto de vista foi destacado pelo diretor-presidente da Embrapa, Pedro Antonio Arraes Pereira, na conferência “Cerrado, Água, Alimento, Energia e Pesquisa Agropecuária”, realizada na segunda-feira (11 ) na 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), evento que está acontecendo na Universidade Federal de Goiás (UFG) até esta sexta-feira(15) e que reúne pesquisadores e estudantes do país e do exterior, além de autoridades políticas.
De acordo com Pedro Arraes, algumas tecnologias desenvolvidas no país e que o tornaram referência em agropecuária tropical para o mundo vão ao encontro da “economia verde” e podem ser levadas para outras regiões do planeta.
“O cerrado, ou savanas, estão presentes não só no Brasil e nós temos como contribuir para fazer nosso conhecimento emergir para locais como Colômbia, Venezuela e interior da África”, disse Pedro Arraes.
Dentre as tecnologias passíveis de disseminação para outros países e que se encaixam nos preceitos de uma economia com menos impactos negativos ao meio ambiente, Pedro Arraes citou o sistema plantio direto e o aprimoramento do manejo do solo; o controle integrado de pragas, que conjuga o combate de insetos nocivos às culturas com seus predadores naturais; e a integração lavoura, pecuária e floresta, que aumenta a produtividade por unidade de área e auxilia a reduzir o desmatamento.
Contudo, Pedro Arraes observou que a pesquisa ainda não possui todas as respostas para equacionar plenamente questões colocadas no esforço por um desenvolvimento menos poluente, mas que o Brasil é um dos países, cujo peso da atividade econômica agropecuária e o conhecimento científico podem servir ao mundo.
“É preciso debater, como na Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente em 2012), quais são os princípios para a mudança ambiental e energética e talvez o Brasil seja o país que possa conseguir fazer isso”.
Cerrado Brasileiro
Em sua conferência na SBPC, Pedro Arraes fez um panorama da evolução da agropecuária no cerrado brasileiro, a partir de meados do século passado, com a transição do paradigma da produção tradicional para a moderna, orientada por ganhos de produtividade, e dos fatores desse processo relacionados a políticas públicas, a arranjos institucionais e a investimentos para geração de conhecimento científico.
O balanço desse empenho feito pelo dirigente da Embrapa foi que a incorporação do cerrado ao sistema produtivo fez com que o bioma também contribuísse para que o agronegócio brasileiro avançasse a quase 30% de impacto em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e à geração de empregos no país, bem como à redução do preço de alimentos nas cidades e à presença marcante da agricultura familiar no abastecimento do mercado interno.
Ainda como resultado desse panorama, Pedro Arraes citou o passivo causado sobre o meio ambiente no meio rural e a necessidade atual de se avançar nesse aspecto, conciliando a agricultura como provedora igualmente de serviços tanto sociais quanto ambientais.
“No contexto das políticas públicas pretendemos elevar o meio rural como mola propulsora de descarbonização de toda a agricultura; no passado, trabalhamos apenas visando o potencial econômico, mas hoje se faz necessário trabalhar também o social e o ambiental, entre eles, por exemplo, as questões de energia alternativa, biomassa, energia eólica e outros tipos de energia alternativas que precisam ser desenvolvidas”, observou.
Em sua exposição final Pedro Arraes, concluiu que existe a necessidade de valorizarmos o meio rural, com foco nos espaços de diálogos e convívios e voltados para uma perspectiva de pesquisa agrícola sustentável.
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